Recentemente, o Ministério da Saúde restituiu a estratégia Rede Cegonha, que preconiza atendimento humanizado para todas as mulheres no SUS.
Em comunidades quilombolas, indígenas, ribeirinhas e localidades isoladas, onde, muitas vezes, o acesso aos serviços públicos é limitado, os profissionais de saúde contam com um importante reforço para o cuidado da mulher e da criança: as parteiras tradicionais. Lembradas neste dia 20, por ocasião da data de comemoração nacional, a atuação dessas mulheres fortalece a rede de autocuidado comunitário, que auxilia na redução da mortalidade. Um conhecimento tradicional que, atualmente, ganha novos contornos com o estímulo ao parto humanizado.
Muito antes da universalização do serviço pelo Sistema Único de Saúde, em 1988, as parteiras percorriam o interior do país ajudando mães e bebês. Um trabalho reconhecido e valorizado pelo Ministério da Saúde que, ao longo das décadas, buscou a acolhida e a colaboração de quem tem por ofício a promoção da saúde.
Em 2011, com o lançamento Rede Cegonha, do governo federal, a Pasta incluiu o trabalho das parteiras tradicionais como elemento de saúde comunitária. Isso porque, o cuidado integral da mulher precisa considerar a vivência e o estímulo aos vínculos de segurança. Laços que, muitas vezes, são construídos com parteiras que, além do atendimento de porta em porta, buscando gestantes, também atuam em comunidades, como explica a presidente da Federação das Parteiras Tradicionais do Maranhão, Marina Santos Nascimento, 83 anos.
Parteira há 64, ela diz que parou de contar em quantos nascimentos ajudou quando chegou ao bebê de número mil. Moradora de São Luís, ela explica que o trabalho precede o parto e é feito em visitas regulares às gestantes, acompanhamento no pré-natal e com longas conversas de orientação sobre saúde e cuidado com o bebê que está a caminho. “Se a mãe quiser ir no hospital, levamos, assim como se surgir qualquer problema. Se não, fazemos o parto em casa mesmo. Trabalhamos com ribeirinhas, quilombolas, quebradeiras de coco. É uma responsabilidade muito séria, porque estamos sempre lidando com duas vidas”, diz.
Atualmente, a federação do Maranhão conta com cerca de cinco mil parteiras. Em reuniões, Marina promove cursos e treinamentos. Ela mesma conta que participou de formações ministradas pela secretaria de saúde do estado e, inclusive, de uma capacitação em Brasília feita pelo governo federal, em 2016. “O que a secretaria padroniza, eu sigo. Aqui é muito organizado”, garante Marina.
Ao longo de anos de serviço, ela não tem planos de se aposentar e justifica: “a primeira vez que vi um parto, tomei um susto grande, mas quando o rosto do bebê apareceu, eu vi que era a coisa mais linda. A minha maior felicidade é quando uma criança nasce nas minhas mãos. Eu sempre penso que é mais um brasileiro eu ajudei a nascer”, orgulha-se.
Reconhecimento
Para fomentar a qualificação das parteiras, além de cursos e formações para essas colaboradoras da saúde, foi lançado, em 2012, o “Livro da parteira tradicional”, com informações didáticas sobre gestação, saúde da mulher e do bebê, além do transcurso do parto e em que momentos é necessário buscar o suporte médico hospitalar. O Ministério da Saúde reconhece essa atuação que percebe o caráter familiar e íntimo do nascimento, nas diferentes regiões brasileiras.
Recentemente, a nova gestão da Pasta, comandada pela Ministra Nísia Trindade, reinstituiu a Rede Cegonha, estratégia reconhecida internacionalmente por garantir atendimento de qualidade, seguro e humanizado para todas as mulheres no SUS. Com ele, os governos municipal, estadual e federal devem respeitar as necessidades de todas as mulheres, inclusive, daquelas que são assistidas pelas parteiras.
Fonte: Ascom/Ministério da Saúde