A atenção primária à saúde é ótima via em para promoção e cuidados – estabiliza custos e permite que o usuário tenha assistência perto do domicílio e família.

 
A atenção primária à saúde (APS) é o primeiro nível de cuidado à população e compreende um conjunto de ações de saúde, coletivas e individuais, que visam prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e manutenção. É considerada a porta de entrada das Redes de Atenção à Saúde, e é fundamental na identificação dos problemas de saúde e também do acompanhamento de doenças crônicas, como o câncer. Inclusive, muitas das vezes o diagnóstico inicial da condição oncológica é feito por medidas de rastreio solicitadas pelo médico que atua na Unidade Básica de Saúde. Nesta coluna, a aluna de medicina Marina Muzzi fala mais a respeito da importância da atenção primária no cuidado oncológico.

 

A confirmação diagnóstica de câncer implica em mudanças em todo o ambiente familiar, seja no nível físico, emocional ou social, tanto do paciente quanto dos familiares e cuidadores, podendo surgir sentimentos como ansiedade, medo e angústia. Nesse sentido, a Estratégia de Saúde da família (ESF), ferramenta da APS, possibilita um contato mais próximo entre os usuários da rede de saúde e a equipe multiprofissional que a compõe, uma vez que atua considerando o ambiente familiar, os aspectos socioeconômicos, espirituais e psicológicos dos pacientes. Além disso, esses profissionais podem direcionar os cuidados para o serviço especializado e avaliar a necessidade de encaminhamento para unidades de emergências.

É importante ressaltar que a coordenação do cuidado com o paciente oncológico precisa ir além do encaminhamento. É de suma importância a continuidade do cuidado pelos agentes da estratégia de saúde da família, uma vez que eles possuem conhecimento acerca das relações familiares e sociais que podem impactar no tratamento do paciente. Também é válido citar que a ESF permite que o núcleo familiar e a pessoa doente tenham um espaço para escuta singular, diálogo e esclarecimento das dúvidas quanto à doença crônica. Isso favorece a relação de confiança entre os profissionais de saúde e o paciente, que tende a se sentir mais seguro quanto ao prognóstico da doença.

Para além disso, a maioria das ações dos cuidados paliativos podem ser realizadas pela equipe na unidade de atenção primária ou domiciliar, de acordo com as necessidades do paciente. As medidas visam prevenção e alívio de sofrimento, identificação, avaliação e tratamento de dores e efeitos colaterais de procedimentos ou medicamentos, além da avaliação da necessidade de encaminhar para um serviço hospitalar. Ainda, a ESF oferece suporte psicológico para os doentes e familiares, auxílio após óbito para familiares, esclarecimento sobre questões éticas relacionadas à morte.

Caso o paciente precise de visitas semanais ou por mais de uma vez por semana, existem equipes específicas que realizam o acompanhamento de atenção domiciliar, por meio da avaliação da indicação de atenção domiciliar (SAD) ofertado pelo sistema único de saúde (SUS), que pode ser acionado em hospital em que o paciente estiver internado ou solicitado pela equipe de saúde da família da região que ele pertence ou, até mesmo, ser solicitado na UPA.

A atenção primária à saúde é uma ótima via em relação a promoção e cuidados, uma vez que estabiliza os custos e permite que o usuário tenha assistência próximo ao seu domicílio e entes familiares.

 
Portal Uai
16/06/2023